Análise psicológica em berserk: Guts compreende o sacrifício sacrificial de griffith pela tropa do falcão?
A natureza do sacrifício de Griffith levanta questões profundas sobre a percepção de Guts sobre o amor e a perda na jornada de Berserk.
A saga de Berserk, criada por Kentaro Miura, é intrinsecamente marcada pela tragédia e pela complexidade das relações humanas, culminando no fatídico Eclipse. Um dos pontos centrais para a narrativa de vingança de Guts reside na natureza do sacrifício final de Griffith pela ascensão ao status de Femto. Uma análise mais aprofundada sugere um paralelo entre o caminho de Griffith e os demais apóstolos, levantando a questão de se Guts, após testemunhar inúmeras transformações, finalmente compreendeu a dimensão do ato de Griffith.
O padrão dos apóstolos e a perda do laço afetivo
Ao longo de sua caçada implacável, Guts se deparou com uma série de seres monstruosos, os apóstolos. A transformação em apóstolo, conforme revelado em vários arcos, exige um preço terrível: o sacrifício daquilo que mais se ama, aquilo que constitui uma parte da alma do indivíduo sacrificante. Essa regra universal estabelece um padrão claro para a busca por poder absoluto dentro do universo de Berserk.
A intensidade desse requisito é sublinhada por depoimentos de entidades mais antigas no mundo sombrio, como a bruxa que guiava Skull Knight. A ideia central é que, para invocar o poder demoníaco, o sacrifício deve ser profundamente pessoal e doloroso, algo comparável a “dar uma parte de si mesmo”.
A transformação de Griffith: Um sacrifício de amor
Diferentemente da maioria dos apóstolos, cujo sacrifício era muitas vezes focado em indivíduos específicos, o sacrifício de Griffith foi singular, envolvendo a totalidade de sua mais preciosa posse na Terra: a Tropa do Falcão, e, por extensão, Guts. A dor de Griffith era a perda do seu sonho e a frustração de sua fragilidade humana, superada ao oferecer seus companheiros como oferenda.
O cerne da questão reside em se Guts consegue processar que, embora os torturadores de seu passado exigissem o sacrifício de entes queridos externos, Griffith sacrificou o núcleo emocional de sua nova existência. Guts, com sua desconfiança profunda em relação à lealdade e ao afeto, desenvolvido desde a infância, teria dificuldades em assimilar que a traição derradeira veio de um lugar de profunda, ainda que distorcida, conexão.
A história ensina que os apóstolos compreendem o preço, mas raramente lamentam. Se Guts reconhece a mecânica do sacrifício exigido - que Griffith teve que abrir mão do que mais prezava para se tornar o que é -, isso representa um passo doloroso em sua jornada. Isso não significa que ele perdoa, mas que ele finalmente entende o caminho demoníaco trilhado por seu antigo líder, reconhecendo que, para Griffith, a Tropa do Falcão era seu “amor” mais vital, sendo Guts seu ponto focal.
A constante exposição de Guts a esta lógica, vivenciando suas consequências sangrentas, o força a confrontar a verdade sombria por trás da ambição desmedida. A compreensão desse padrão sacrificial é essencial para a sua evolução, mesmo que ela sirva apenas para alimentar ainda mais sua determinação em destruí-lo.