A improvável amizade entre shinobu kocho e um oni: Um teste de ideais em kimetsu no yaiba

O universo de Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer) é construído sobre o conflito irreconciliável entre Caçadores de Demônios e Onis. No entanto, o desejo póstumo de Kanae Kocho, irmã mais velha de Shinobu, de conciliar humanos e demônios, sempre pairou como um ideal quase inatingível. Uma hipótese intrigante surge ao imaginar um cenário onde Shinobu, conhecida por sua frieza calculista e ódio profundo contra essas criaturas, conseguiria realizar essa proeza: a amizade milagrosa com um demônio.

O peso da missão de Shinobu

Shinobu Kocho, a Hashira da Inseto, dedicou sua vida a vingar a morte de sua irmã e a executar a vontade dela, embora de forma paradoxal. Seu método de combate, que evitava o corte fatal da cabeça em favor da aplicação de venenos letais, não era apenas uma preferência pessoal; era a maneira que encontrou de canalizar sua frustração por não possuir a força física de seus colegas Hashiras, simulando em seus ataques a beleza efêmera de uma borboleta antes da morte.

O ponto central deste cenário hipotético reside no choque entre o dever de Shinobu e uma conexão pessoal inédita. Se ela, a personificação da resistência a qualquer concessão aos Onis, estabelecesse um vínculo genuíno com um deles, como essa relação poderia prosperar? O juramento feito aos Caçadores e a necessidade constante de erradicar a ameaça que transformou seu mundo exigem um massacre contínuo.

A Lógica da Sobrevivência e da Moralidade

A dinâmica exigiria uma negociação constante entre a lealdade à organização de Caçadores e a preservação daquela amizade singular. Para que tal aliança funcionasse, o demônio em questão teria que representar uma exceção radical à regra. Talvez fosse um ser que se alimentasse minimamente, ou que fosse capaz de operar sob a luz do sol, desafiando o próprio cerne da maldição de Muzan Kibutsuji.

A reação de Shinobu seria, em primeira análise, de profunda descrença e, possivelmente, repulsa inicial, forçada a reavaliar todas as suas convicções. A habilidade de Shinobu em mascarar emoções, um traço desenvolvido após a tragédia familiar, seria posta à prova. Ela precisaria manter o segredo dessa amizade, pois a revelação poderia levar à sua própria caça, além da do ser que ela ousou proteger. A dualidade entre sua atuação como Hashira, eliminando aqueles que ameaçam a humanidade, e seu papel como amiga de um demônio criaria dilemas morais intensos.

Este experimento mental força uma análise sobre as fronteiras da empatia no mundo de Demon Slayer. A amizade seria um trampolim para a meta de sua irmã - paz -, ou apenas mais um fardo que ela teria que carregar, lembrando-a constantemente do custo que a paz exige, mesmo quando a linha entre o inimigo e o aliado se torna tênue, como um veneno injetado lentamente.